segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Príncipe Autista



 por Zé Reis*

Nesse domingo, dia 01/05, nos deparamos com mais um artigo do ex-presidente, FHC. Novamente, procura disputar e apropriar-se do momento de crescimento e desenvolvimento que o país experimentou e experimenta a partir do Governo Lula. Lembremo-nos, que durante a realização do segundo turno da eleição do ano passado, FHC, já havia reclamado a seu partido e ao seu candidato que não defendiam os “sucessos e acertos” dos seus dois governos (1995/1998 e 1999/2002). É mais uma tentativa de reabilitar-se e a seus pretensos feitos. Não esqueçamos que há poucos dias, pediu para realizar um debate com o ex-presidente Lula.
Aliás, muito oportunamente, o “Príncipe dos Filósofos”, não tem escrito nenhuma palavra sobre as disputas internas de seu partido, o PSDB, que continua envolto na disputa entre serristas e aecistas, pela próxima candidatura presidencial, em 2014. Sua única tentativa foi procurar apontar um “nicho da sociedade” a ser disputado pela oposição (PSDB-DEM-PPS). Este nicho seria formado pela população que tem ascendido socialmente e economicamente, pois segundo ele, não estariam vinculados às políticas clientelistas e populistas dos governos Lula-Dilma. A oposição deveria esquecer o “povão”. Tais palavras soaram elitistas e despeitadas pelo sucesso dos governos petistas.
Nesse sentido, confirmou as palavras de um de seus ex-aliados, o ex-ministro Bresser Pereira, que anunciou seu desligamento dos quadros do PSDB, com as seguintes palavras:
O Fernando Henrique teve dois azares: o primeiro foi que governou o país no auge absoluto do neoliberalismo, enquanto Lula governou no momento em que o neoliberalismo começa a entrar em crise; e o segundo é que seu governo não gozou do aumento dos preços das commodities de que o Lula desfrutou. Mas o fato concreto é que no governo Fernando Henrique o partido já caminhava para a direita muito claramente. Daí o PT ganhou a eleição e assumiu uma posição de centro-esquerda, tornou-se o partido socialdemocrata brasileiro -- e o PSDB, naturalmente, continuou sua marcha acelerada para a direita. Nas últimas eleições, ele foi o partido dos ricos. Isso, desde 2006. É a primeira vez na história do Brasil que nós temos eleições em que é absolutamente nítida a distinção entre a direita e a esquerda, ou seja, entre os pobres e a classe média e os ricos. E um partido desse não me serve, seja pela minha posição socialdemocrata, seja pela minha posição nacionalista econômica – tenho horror profundo e absoluto do nacionalismo étnico. Acho que a globalização é uma grande competição a nível mundial, quando todos os mercados se abriram, e passou a haver uma competição global não apenas das empresas, mas dos países. E você precisa, mais do que nunca, uma estratégia nacional de desenvolvimento.”
Bresser foi um dos fundadores do PSDB, e demonstra todo seu desencantamento com a direitização de um partido que pretendia ser de centro-esquerda e foi se transformando em direita. E como salienta este corte ideológico ficou bem marcado na eleição passada.
Ora, parece, que FHC esta em busca de holofotes para não cair em esquecimento já que nem seus aliados o defendem. Ou, será uma tentativa de voltar a ser o líder de uma oposição em frangalhos e sem rumos, após a terceira derrota eleitoral seguida. Na realidade está se transformando de “Príncipe dos Filósofos” em “Príncipe Autista”.

·         Zé Reis – Secretário-Geral do PT de Porto Alegre.

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