terça-feira, 8 de novembro de 2011

Lupi na linha de tiro: agonia por quantos dias?

publicado no Balaio do Kotscho, em 07/11/11.


Nos gabinetes de Brasília, nas arquibancadas do futebol de domingo, nos pontos de ônibus, nas feiras e nas filas dos cinemas, todo mundo já sabia: o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, é o próximo da lista. É verdade que alguns tomaram a sua frente entre os seis caídos até agora no governo de Dilma Rousseff, mas parece que chegou a sua vez.
Se não era novidade para ninguém, nem para o governo, a lista de "malfeitos" da turma de Lupi nos contratos de convênios do Ministério do Trabalho com as ONGs, há tempos sendo investigados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a grande surpresa não é ele cair, mas se segurar por tanto tempo na cadeira.
Por que é preciso esperar pela denúncia da semana na revista "Veja" para recomeçar o ritual de fritura de sempre, que a gente já sabe como acaba? Por que o próprio governo já não afastou antes o ministro do Trabalho, contestado pelo seu próprio partido, o PDT, e pelas centrais sindicais?
"A gente fez um alerta de que era preciso cuidado porque não era possível continuar com essa política de convênios", revelou à "Folha" o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, hoje o principal articulador político do governo.
Segundo Carvalho, a advertência foi feita há três meses, mas Carlos Lupi se limitou a demitir seu chefe de gabinete, Marcelo Panella, também tesoureiro do PDT.
No sábado, quando circulou a edição de "Veja" com a denúncia de que o Ministério do Trabalho estava cobrando propina de ONGs, Lupi demitiu o coordenador-geral de qualificação, Anderson Alexadre dos Santos.
Como aconteceu nos outros casos, primeiro o ministro afasta assessores, depois abre "rigorosos inquéritos" e, por fim, entrega sua carta de demissão.
Destavez, porém, Lupi garantiu que não vai ser assim. "Vou nesta luta até o fim. Morro, mas não jogo a toalha", disse em entrevista ao jornal "O Globo", encarnando um Muammar Gaddafi rápido quando seu palácio foi cercado.
A mesma edição de "O Globo" desta segunda-feira informa que o TCU identificou 500 contratos sem fiscalização no Ministério do Trabalho, metade deles engavetados há cinco anos. "Reiteradas auditorias apontaram irregularidades. Esta Corte não pode ser tolerante com a situação", disse o ministro do TCU Weder de Oliveira.
É grande o desgaste para a presidente Dilma Rousseff ao se ver obrigada quase toda semana a chamar um ministro, ouvir seus argumentos de defesa e dar-lhe um voto de confiança, antes do momento de seguir para a degola.
Variam apenas os dias que se passam entre a denúncia e a saída do ministro, tão previsível quanto a desistência do senador Eduardo Suplicy de disputar as prévias do PT em São Paulo (ver nota abaixo).
Seria o sétimo ministro a cair em apenas dez meses de governo Dilma, o sexto por denúncias de corrupção. Diante deste quadro, pergunto: não seria o caso de antecipar de uma vez a propalada reforma ministerial prevista para janeiro ou fevereiro?
Por que esperar tanto tempo e já não começar 2012 com um novo time escalado por Dilma, em vez de ficar fazendo estas trocas forçadas por denúncias no varejo?
Dilma poderia aproveitar o Caso Lupi  e chamar os líderes dos partidos aliados para trocar logo meia dúzia de ministros que flanam como fantasmas pela Esplanada e com isso fazer com que o país volte a discutir outros assuntos.

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