Peça oratória foi pronunciada por Marco Antônio, nas escadarias do Senado Romano, em frente ao corpo de Cezar, assassinado a facadas pela conspiração de Brutus e Cassius
Para se entender o lance político do discurso é preciso explicar um pouco o contexto em que foi feito. O assassinato de Cezar havia sido bem aceito pela população, já que a explicação dada por seus autores foi a de que Cezar estava prestes a dar um golpe e se auto-nomear Rei, o que em Roma era absolutamente inaceitável.
Júlio Cezar foi traído por Brutus e Cassius
Consumado o assassinato de Cezar, Marco Antônio, procurado pelos conspiradores, acertou com eles que falaria no Senado em prol da pacificação dos ânimos. Preservou assim a sua prerrogativa de fazer o discurso fúnebre de Cezar.
Neste discurso, frente a uma massa de cidadãos que até há pouco apoiavam e admiravam a Cezar, mas que agora o condenavam, Marco Antônio começa dando razão aos conspiradores, para ganhar tempo e ser ouvido pela massa.
Seguindo uma estrutura em que: na primeira frase condena Cezar, reitera que Brutus é um homem honrado, para na próxima frase dizer "mas...", e dar um exemplo real da grandeza, bondade, lealdade e do amor que Cezar tinha pelo povo de Roma, pouco a pouco Marco Antônio consegue mudar o estado de espírito da massa voltando-a contra os assassinos de Cezar.
O orador, com invulgar habilidade, inicia submetendo-se ao sentimento dominante (anti-Cezar), mas encontra uma forma sutil de dialéticamente afirmar ao mesmo tempo a crítica e a observação positiva. Como esta última é mais poderosa que a primeira, aos poucos vai recuperando a imagem positiva de Cezar, relembrando suas boas ações, seu patriotismo, suas virtudes, de forma a deixar para o povo a conclusão da enormidade do crime praticado não mais contra Cezar, mas sim contra Roma e o povo romano.
O Cezar odiado volta a ser o Cezar amado, e ressurge para a vida política com os que lhe permaneceram fiéis, e no ódio aos seus inimigos. É tentador lembrar a dramática mudança da reação popular à morte de Getúlio, depois dos discursos de políticos como Tancredo e Brizola. O Getúlio impopular de um dia atrás, ressurgia para a política nas palavras dos seus representantes, e na emoção popular.
O discurso
"Amigos, romanos, cidadãos dêm-me seus ouvidos. Vim para enterrar Cezar, não para louvá-lo. O bem que se faz é enterrado com os nossos ossos, que seja assim com Cezar.O nobre Brutus disse a vocês que Cezar era ambicioso. E se é verdade que era, a falta era muito grave, e Cezar pagou por ela com a vida, aqui, pelas mãos de Brutus e dos outros. Pois Brutus é um homem honrado, e assim são todos eles, todos homens honrados. Venho para falar no funeral de Cezar. Ele era meu amigo, fiel e justo comigo. Mas Brutus diz que ele era ambicioso. E Brutus é um homem honrado.
Uma visão do interior
do senado romano
Vocês todos viram que na festa do Lupercal, eu, por três vezes, ofereci-lhe uma coroa real, a qual ele por três vezes recusou. Isto era ambição? Mas Brutus diz que ele era ambicioso, e Brutus, todos sabemos, é um homem honrado.
Eu não falo aqui para discordar do que Brutus falou. Mas eu tenho que falar daquilo que eu sei. Vocês todos já o amaram e tinham razões para amá-lo. Qual a razão que os impede agora de homenageá-lo na morte?" Neste momento, Marco Antônio faz uma pausa no discurso, e as pessoas do povo começam a refletir sobre o que ele disse, e a questionar se Cezar tinha afinal merecido a morte que teve. Passado este interlúdio, retorna Marco Antônio a falar.
"Ontem, a palavra de Cezar seria capaz de enfrentar o mundo, agora, jaz aqui morta. Ah! Se eu estivesse disposto a levar os seus corações e mentes para o motim e a violência, eu falaria mal de Brutus e de Cassius, os quais, como sabem, são homens honrados. Não vou falar mal deles. Prefiro falar mal do morto. Prefiro falar mal de mim e de vocês do que destes homens honrados.
Mas eis aqui um pergaminho com o selo de Cezar. Eu o achei no seu armário. É o seu testamento. Quando os pobres lerem o seu testamento (porque, perdoem-me, eu não pretendo lê-lo) eles se arrojarão para beijar os ferimentos de Cezar e molhar seus lenços no seu sagrado sangue." O povo reclama de Marco Antônio e exige que ele o leia.
"Tenham paciência amigos, mas eu não devo lê-lo. Vocês não são de madeira ou de ferro e sim humanos. E, sendo humanos, ao ouvir o testamento de Cezar, vão se inflamar e ficarão furiosos. É melhor que vocês não saibam que são os herdeiros de Cezar! Pois se souberem... o que vai acontecer?
Então vocês vão me obrigar a ler o testamento de Cezar? Então façam um círculo em volta do corpo e deixem-me mostrar-lhes Cezar morto, aquele que escreveu este testamento.
Cidadãos. Se vocês têm lágrimas, preparem-se para soltá-las. Vocês todos conhecem este manto. Vejam, foi neste lugar que a faca de Cassius penetrou. Através deste outro rasgão, Brutus, tão querido de Cezar, enfiou a sua faca, e, quando ele arrancou a sua maldita arma do ferimento, vejam como o sangue de Cezar escorreu.
E Brutus, como vocês sabem, era o anjo de Cezar. Oh! Deuses, como Cezar o amava. O golpe de Brutus foi, de todos, o mais brutal e o mais perverso. Pois, quando o nobre Cezar viu que Brutus o apunhalava, a ingratidão, mais que a força do braço traidor, parou seu coração. Oh! Que queda brutal meus concidadãos. Então eu e vocês e todos nós também tombamos, enquanto esta sanguinária traição florescia sobre nós.
Sim, agora vocês choram. Percebo que sentem um pouco de piedade por ele. Boas almas. Choram ao ver o manto do nosso Cezar despedaçado. Bons amigos, queridos amigos, não quero estimular a revolta de vocês. Aqueles que praticaram este ato são honrados.
Quais queixas e interesses particulares os levaram a fazer o que fizeram, não sei. Mas são sábios e honrados e tenho certeza que apresentarão a vocês as suas razões. Eu não vim para roubar seus corações. Eu não sou um bom orador como Brutus. Sou um homem simples e direto, que amo os meus amigos." Seguem-se novamente comentários das pessoas, já agora lamentando o assassinato e condenando os assassinos. Volta Marco Antônio.
"Aqui está o testamento, com o selo de Cezar. A cada cidadão ele deixou 75 dracmas. Mais, para vocês ele deixou seus bens. Seus sítios neste lado do Tibre, com suas árvores, seu pomar, para vocês e para os herdeiros de vocês e para sempre. Este era Cezar. Quando aparecerá outro como ele?" Revoltada, a massa sai rumo às casas dos conspiradores para vingar Cezar.
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No fim da vida, lutou numa guerra civil com a facção conservadora do senado romano, cujo líder era Pompeu. Depois da derrota dos optimates, tornou-se ditador (no conceito romano do termo) vitalício e iniciou uma série de reformas administrativas e económicas em Roma.
ResponderExcluirO seu assassinato nos Idos de Março por um grupo de senadores travou o seu trabalho e abriu caminho a uma instabilidade política que viria a culminar no fim da República e início do Império Romano.
Não foi totalmente um bandido, nem totalmente um mocinho, se equipara a Lampião, nosso gangaçeiro nordestino.
Ha, ha, ha...se equipara lampião. ... ha, ha..
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