extraído do Boletim PTSul de 07/10/11 |
Uma nova cadeia produtiva está em plena consolidação no Rio Grande do Sul. De alto valor agregado, a cadeia do Polo Naval vem transformando, radicalmente, o cenário de estagnação da Metade Sul, a partir de investimentos públicos e privados superiores a US$ 26 bilhões. Ao mesmo tempo em que oferece inúmeras oportunidades de negócios, a promissora indústria oceânica impõe grandes desafios aos gaúchos. A inserção na nova cadeia exige a superação de gargalos tecnológicos por parte das empresas e formação especializada dos trabalhadores. O relatório final da Subcomissão do Polo Naval de Rio Grande, elaborado pelo deputado Alexandre Lindenmeyer, apresenta recomendações para aumentar a participação das indústrias gaúchas na cadeia de fornecedores do Polo e da Petrobras, garantindo que todas as regiões se integrem ao novo ciclo de desenvolvimento que se desenha a partir da Metade Sul. Além disso, o documento propõe série ações para assegurar que o crescimento econômico seja acompanhado da elevação da qualidade de vida, distribuição de renda e preservação ambiental. | |||||||||||
A recuperação da indústria naval brasileira | |||||||||||
"Tudo que pode ser feito no Brasil, tem que ser feito no Brasil" Lula na campanha eleitoral 2002 | |||||||||||
Nos anos 70, a indústria naval brasileira chegou a ser a segunda maior do mundo. Nas décadas seguintes, no entanto, a atividade despencou. Em 2002, ocupava apenas 1900 trabalhadores em todo o País. A partir do primeiro governo Lula, o setor ganhou um sopro de vida com a criação do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural, cujo principal propósito foi colocar em prática o compromisso assumido por Lula na campanha: recuperar o setor naval e impulsionar a cadeia produtiva em bases competitivas e sustentáveis. Na mesma época, a Petrobras confirmou a existência de jazidas de petróleo na camada do pré-sal localizada em águas territoriais brasileiras. A empresa estima um volume que pode chegar a 16 bilhões de barris de petróleo e gás só nas bacias de Santos e Campos, o suficiente para o Brasil dobrar suas reservas. O desafio na extração deste volume levou a estatal a investir maciçamente na construção de novas plataformas, navios e embarcações. O porto de Rio Grande, que já era o segundo maior do Brasil em movimento de cargas, virou referência como polo naval a partir da montagem da plataforma P-53. | |||||||||||
Investimentos chegarão a US$ 26 bilhões | |||||||||||
De cidade portuária, Rio Grande passou à condição de um polo naval imprescindível para a Petrobrás. Com isso, centenas de novas empresas se instalaram na região, movimentando a economia local e gerando empregos. Investimentos realizados pelos sete últimos governos
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Novas demandas | |||||||||||
Estudo da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) indica que o número de empregos gerados em função do Polo de Rio Grande superará a marca de 200 mil até 2014. A maior parte deles será decorrente do efeito-renda, ou seja, do consumo das famílias dos trabalhadores que fazem parte da cadeia produtiva da indústria naval.
Principais recomendações: - Busca de novos investimentos na área habitacional - Implantação do terminal de gás natural liquefeito - Continuidade do projeto de trem de passageiros para ligar os municípios de Capão do Leão, Pelotas e Rio Grande - Recuperação da BR-101 - Término da duplicação da BR-392 - Construção do aeroporto regional - Redução das tarifas de pedágio - Melhoria do atendimento na travessia do canal entre Rio Grande e São José - Construção de uma ponte ligando os dois municípios sem cobrança de pedágio - Recuperação da BR-101 - Revisão da estrutura do Poder Judiciário na Região Sul. Transformação da Comarca de Rio Grande em entrância final - Criação de um fórum específico com a participação de todos os órgãos e secretaria de governo, visando à racionalidade e à transversalidade na implantação das políticas que envolvam o Polo Naval | |||||||||||
Com o Polo Naval, aumentam as oportunidades na educação | |||||||||||
Só nos últimos dois anos, a FURG contratou mais 200 professores e criou três novos cursos de Engenharia - Engenharia de Automação, Engenharia de Mecânica Naval e Engenharia Costeira Portuária - para dar conta da demanda gerada pela indústria naval. Líder em pesquisa em inovação voltada à atividades ligadas ao mar, a universidade oferece 24 cursos de graduação em áreas tecnológicas, 17 de mestrado e oito de doutorado. Cursos gratuitos e bolsas para desempregados O Plano Nacional de Qualificação Profissional do Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural), que tem o propósito de capacitar profissionais para o setor, deverá oferecer cerca 6700 vagas para o Rio Grande do Sul até 2014. Além dos cursos serem gratuitos, são oferecidas bolsas de R$ 300,00 a R$ 900,00 para alunos desempregados. O programa envolve 80 instituições de ensino em todo o País e movimenta R$ 200 milhões por ano. Até 2010, o Prominp atendeu 78 mil trabalhadores em 15 estados. Conforme o Ministério do Trabalho, 81% dos profissionais qualificados pelo programa estão integrados ao mercado formal. Ampliação do ensino técnico e profissional O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) expandirá a oferta de cursos técnicos e profissionais de nível médio e de cursos de formação inicial e continuada em todo o Brasil. Estão previstas a instalação de mais 600 escolas nos próximos quatro anos. Além disso, a Escola Técnica Aberta do Brasil (E-TEC) está sendo ampliada para atender mais 17 mil estudantes ainda neste ano. Por intermédio do programa, será acelerado o acordo firmado pelo governo com o Sistema S (Sesi, Senai, Sesc e Senac) para a aplicação de dois terços dos recursos advindos do imposto sobre a folha de pagamento do trabalhador na oferta de cursos gratuitos. Dessa forma, as escolas dos Sistema S ofertarão cursos de formação inicial e continuada para os favorecidos pelo seguro desemprego e pelos programas de inclusão produtiva, como o Bolsa Família. | |||||||||||
O esforço para a inserção das empresas gaúchas na nova cadeia produtiva | |||||||||||
O Polo Naval de Rio Grande abriu enormes oportunidades de expansão, não apenas para os municípios da Metade Sul, mas para todo o estado. Hoje, das cinco mil empresas fornecedoras de insumos do polo, pouco mais de 100 são do Rio Grande do Sul. O mesmo ocorre na cadeia dos fornecedores da Petrobras. No máximo, 3% dos produtos e serviços utilizados pela estatal provêm de empresas gaúchas. A indústria metal-mecânica, por exemplo, pode aproveitar a porta aberta pelo Polo Naval para ingressar em novos mercados. Até 2014, a Petrobras deverá investir US$ 224 bilhões, quase o triplo do que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) pretende aplicar no mesmo período. Além disso, a estatal tem dado preferência aos fornecedores nacionais, superando a escala exigida pelos atuais contratos de concessão. Um dos principais desafios do governo Tarso é garantir ao Rio Grande do Sul o seu quinhão na exploração do pré-sal. Nos primeiros meses de governo, criou diversos instrumentos para enfrentar o déficit tecnológico das empresas, principal obstáculo à inserção na nova cadeia produtiva. Parque Científico e Tecnológico do Mar O Parque Tecnológico do Mar, cujo projeto já foi finalizado, irá atrair empresas focadas no desenvolvimento de tecnologias voltadas à construção de embarcações e plataformas ambientalmente sustentáveis; no desenvolvimento de tecnologias associadas à construção de estruturas (arquitetura e engenharia) para exploração petrolífera; no desenvolvimento de equipamentos, tecnologias e estruturas destinadas à exploração energética de ondas, marés e correntes marinhas; no desenvolvimento de soluções logísticas e no desenvolvimento de fármacos, bioenergia e suplementos alimentares. Governo muda Fundopem para incentivar inovação e pesquisa Em abril deste ano, o governo do Estado alterou a legislação do Fundo Operação Empresa (Fundopem) para incentivar a cadeia do Polo Naval e melhorar os indicadores socioeconômicos da Metade Sul.
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