Imediatamente, a notícia foi divulgada nas redes sociais e,
concomitantemente, multiplicaram-se críticas, piadas, brincadeiras e, até,
defesas do ato.
O próprio titular da Secretaria Extraordinária da Copa (SECOPA), se
disse surpreso com a notícia, manifestando que não fora consultado,
explicitando que se o fosse não teria concordado.
Mais adiante, foi esclarecido que a ideia partiu de consultor, ligado
a SECOPA, da filha desse consultor e do produtor do show que o ator fará em
Porto Alegre, com o intuito de prestar uma homenagem ao mesmo por seu “amor ao
Brasil”. Além disso, disseram que Villagrán/Kiko havia torcido pela seleção
brasileira, na Copa do México, em 1970, e demonstrado seu “amor” pelo futebol
brasileiro, dando o nome de Edson, a um de seus filhos em homenagem a Pelé
(Edson Arantes do Nascimento).
Posteriormente, o próprio prefeito, em seu blog, publicou nota
defendendo a homenagem e a concessão do título honorífico. Sua argumentação
está baseada nos seguintes pontos:
1.
O seriado Chaves é um dos mais assistidos na América
Latina,
2. Villagrán,
que interpreta o personagem “Kiko”, é um amante do futebol, adora o futebol
brasileiro, torceu pela seleção canarinho na Copa do México e, como prova deste
amor, deu o nome ao seu segundo filho de Édson, em homenagem ao Pelé, pois o
nascimento foi em meio à Copa de 70,
3. O
ator protagonizou o filme de maior bilheteria do cinema mexicano, “El Chanfle”,
no qual interpretava um centroavante que jogava no América do México, chamado
Valentino. E o personagem “Kiko” era um aficionado pelo futebol.
Como tem sido hábito, o prefeito atacou os
contrários à homenagem. Neste caso, alcunhou os discordantes, de “caranguejos”
e “preconceituosos”, lembrando os “micuins” de um ex-governador do RS.
Infelizmente, o alcaide porto-alegrense,
esqueceu-se de trazer os argumentos que justifiquem a distinção de acordo com o
propósito a que a mesma foi criada, conforme publicado, no site da SECOPA:
“Embaixador da Copa - Personalidades
representativas que de alguma maneira contribuíram para a evolução,
desenvolvimento, divulgação e visibilidade do futebol brasileiro em nível
mundial.”.
Como vemos
nenhum dos argumentos apresentados, pelo prefeito, atendem a definição acima.
Aliás, destaquemos algumas das personalidades que já receberam a distinção:
Carlos Simon (ex-árbitro), Lúcio (ex-zagueiro da Seleção), Taffarel (ex-goleiro
da Seleção, Campeão do Mundo), Alcindo (ex-jogador da seleção e do Grêmio),
Mano Menezes (ex-treinador da Seleção e Grêmio). Percebe-se, sem
questionamentos, que quaisquer desses agraciados se enquadram no objetivo e na
definição do título concedido.
As
qualidades do ator, o fato de ser conhecido em toda América Latina e seu amor
pelo Brasil não estão em questão. Entretanto, nenhum desses méritos justificam
o título de Embaixador da Copa.
Sem querer
querendo, o prefeito desvirtuou o objetivo da menção honorífica criada por ele
mesmo. Ou, parafraseando Chaves, personagem do seriado em tela, “não contava
com a astúcia da população de Porto Alegre”.
*Secretário Geral do Partido
dos Trabalhadores de Porto Alegre.
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