Faz tempo que, na política, não temos um caso tão estranho
como esse da CPI do Cachoeira. Quanto mais se leem os jornais, menos se
compreende o que está acontecendo.
Dão voltas extraordinárias.
Não faz mais que dias, a CPI era apresentada como fruto exclusivo das movimentações dos partidos governistas.
Como em um passe de mágica, no entanto, na foto dos congressistas saudando a coleta do número suficiente de assinaturas para instalá-la, só havia figuras da oposição. E todas sorriam, com cara de quem celebrava uma vitória.
Como em um passe de mágica, no entanto, na foto dos congressistas saudando a coleta do número suficiente de assinaturas para instalá-la, só havia figuras da oposição. E todas sorriam, com cara de quem celebrava uma vitória.
Primeiro, diziam que PT e PMDB estavam unidos na
disposição de viabilizá-la. Atualmente, o que se lê é que o PMDB foge da
CPI. Que pretende, mantendo-se distante, garantir-se como aliado de
Dilma (estaria, por acaso, arriscado a perder essa condição?).
Em
um esforço de imaginação, pintam agora um quadro em que o PMDB teria
decidido permanecer na espreita, apostando no “desgaste do PT” (?) junto
à presidente, para assim “aparecer como salvador da Pátria”. Que suas
principais lideranças planejam carimbar a CPI como “invenção do PT”
Por que precisariam fazê-lo? Não foi o próprio Lula quem, pessoalmente, pôs a Comissão em marcha?
Passaram
dias apregoando que o PT tinha entrado em pânico e estudava a melhor
opção para se desembaraçar dela. Na hora em que os votos da bancada
foram contados, o que se viu foi que a endossava por unanimidade.
Quem
procura entender o caso recorrendo à leitura de alguns colunistas
famosos fica perplexo. Chegam a caracterizar a CPI como uma espécie de
apocalipse petista, sua “hora da verdade”, o momento em que se
defrontará com tudo que evitou em sua história.
Afinal, a CPI é a
“cortina de fumaça” que o lulopetismo inventou para esconder os
malfeitos do mensalão - como estampou, na capa, a revista Veja -, ou o
Dia do Julgamento Final para o PT?
São análises engraçadas. Por
elas, parece que Lula não passa de um principiante, um aprendiz de
feiticeiro, que deixa livres forças que é incapaz de controlar. Que
teria cometido um erro infantil, ignorando a verdade acaciana - que
muitos adoram repetir - que “todo mundo sabe como começa uma CPI, mas
ninguém sabe como termina”.
Achar isso de alguém como Lula - que
já deu as mais óbvias provas de que é tudo, menos tolo -, é pura
pretensão. E não há, na política, erro maior que subestimar o outro
lado.
E os rostos dos parlamentares da oposição? De onde vinha tanta alegria?
Do
fato de que o inquérito que envolve Demóstenes Torres se tornará
público? De que as relações entre Cachoeira e o PSDB de Goiás serão
reveladas?
Ou será da satisfação de saber que as conversas entre
Cachoeira e a redação da Veja serão conhecidas? Que o papel do bicheiro
na fabricação de dossiês usados para criar crises políticas será
exposto?
Pelo que se sabe até agora, há muita gente e algumas
grandes empresas envolvidas nos negócios de Cachoeira. Alguns são
petistas de alto coturno.
Entre as empresas, estão fornecedores
graúdos do governo federal (assim como de governos estaduais e
prefeituras administradas por quase todos os partidos).
Só um
ingênuo imaginaria que Lula e as lideranças petistas ignoravam isso
quando resolveram criar a CPI. E só quem não conhece Brasília supõe que
deixarão que ela seja transformada em palco para que sejam questionados.
Quando
Lula afirma que a CPI deve ser feita “doa a quem doer”, podemos apostar
que sabe o que diz. E que já calculou em quem doerá mais.
Em
matéria de previsões políticas, a taxa de acerto de Lula é muitas (mas
muitas) vezes maior que a de nossos comentaristas e colunistas.
Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
É isso aí. A oposição apostou que o Governo e a base aliada iriam recuar diante da pressão da imprensa. Perderam. A imprensa tentou jogar a CPI no colo do Governo. Também perdeu. Por mais que tentam direcionar a CPI, esbarram em alguém do PSDB/DEM. Lula apostou certo mais uma vez. Espero que a CPMI puna severamente essa imprensa golpista e os políticos que dela se beneficiam. Essa é a maior oportunidade de passar o Brasil a limpo. Desde a ditadura essa imprensa corrupta vem dando as cartas em nosso país. Fora com Globo, Veja, Folha, Estadão.
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