terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Da escuridão se faz a Luz, por José Reis


Na economia e na política, convencionou-se a “época de crises, também é época de oportunidades. A mais famosa, é a crise de 1929, precedida pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. A superação dessa crise, só começou em 1933, durante o governo Roosevelt, quando da aplicação do plano New Deal (Novo ajuste), baseada nas ideias keynesianas de intervenção estatal para reversão de crises macroeconômicas, contrariando a ortodoxia liberal, que permitiu a recuperação da nação americana, lançando-a para a liderança mundial.
Na vida, em geral, momentos de crise, igualmente podem servir de superação e desenvolvimento. Por isso, devemos encarar a atual crise do carnaval, criada pelo próprio governo municipal, ao anunciar o não repasse de verbas, como um momento de inflexão para que a folia volte a crescer e se desenvolver.
Não é a primeira e nem será a última. A anterior, no início dos anos 2000, foi decisiva para que a Administração de então, decidisse por encaminhar a construção do Sambódromo/Complexo Cultural.
A escolha do local não foi nada pacífica e fácil. No mínimo, 4 locais foram propostos, antes de se chegar ao Porto Seco, sendo todos rejeitados. A opção pelo Porto Seco, como sabemos, permitiu que se instalassem os “sonhados” barracões para confecção e guarda de alegorias. Em 2004, foi inaugurado com a conclusão dessa etapa de obras, porém, sem as sonhadas arquibancadas e outras estruturas que completariam o Complexo, as quais até agora não foram realizadas.
No entanto, é inegável, que mesmo incompleto o Porto Seco permitiu um desenvolvimento do carnaval. Uma avaliação criteriosa, constatará que ao menos até 2014, o crescimento foi contínuo. Infelizmente, esse crescimento não foi acompanhado por melhorias nos métodos de gestão, melhorias das quadras e sustentabilidade com quadros sociais.
Agora, diante da ameaça de não cumprimento da Lei 6619/90, que oficializa o carnaval e determina que o município é responsável por sua infraestrutura, mais uma crise eclode.
Diante disso, tal qual uma roleta russa, disparam-se soluções e tentativas de soluções em todas as direções. Entre tantas, ressurgem os defensores do abandono do Porto Seco e o retorno do carnaval para o “centro da cidade”.
Ora, se não há dinheiro, para construir estrutura no Porto Seco, também, não existe para construir em outro lugar. Abandoná-lo, é um grande equívoco. A hora é de aproveitar a crise e retirar compromissos de sustentabilidade e infraestrutura de todos os agentes envolvidos. E não de retrocessos.


José Reis

Cientista político e carnavalesco

ps.: artigo publicado no Jornal do Comércio, pág. 4, em 17/01/17.