sábado, 20 de abril de 2013

Obras privadas querem investimentos de infraestrutura públicos, por Zé Reis*



Uma notícia publicada no sábado, dia 2004/13, na coluna do Jornalista Diogo Olivier, na Zero Hora,  da conta de que estaria havendo um impasse entre Prefeitura de Porto Alegre, Internacional e Andrade Gutierrez, por conta da pavimentação da área interna do Complexo Beira-Rio. Nas palavras do jornalista:

“O ponto de discórdia que opõe Inter, BRio (empresa criada para gerenciar a remodelação) e o poder público é a pavimentação do setor interno do Complexo. Nada consta no contrato assinado entre Inter e empreiteira, conforme revelei ontem na coluna. Está criado um impasse.
  O Inter não tem dinheiro. A construtora afirma que não há parágrafo algum que a obrigue a pavimentar a área, embora sejam de sua responsabilidade as máquinas que destruíram o piso para tocar a obra. A prefeitura, agora, oficializa a sua posição: não pode colocar dinheiro a fundo perdido em uma obra privada, sob pena de responsabilização judicial do prefeito José Fortunati.”.

 Esse impasse revela um traço comum das negociações dos clubes gaúchos com as empreiteiras responsáveis pelas obras: a tentativa de repassar aos cofres públicos, as obras de infraestrutura que envolvem os complexos esportivos.
O presente caso envolvendo o estádio Beira-Rio é ainda mais grave, pois envolve a questão da pavimentação interna do Complexo. Não dá para acreditar que alguém pense em repassar este custo para a Prefeitura de Porto Alegre.  
O Internacional e seus parceiros que tratem de repactuar o contrato e assumam o complemento das obras.
Age muito bem, o Município, ao comunicar que não carreará recursos para tal necessidade privada. Deveria, também, comunicar a gestora da Arena que a responsabilidade sobre as obras do entorno daquele empreendimento, igualmente, cabe aos investidores privados e não aos cofres públicos.

*Cientista político e Secretário Geral do Partido dos Trabalhadores de Porto Alegre


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Não contavam com minha astúcia, por Zé Reis*



           A população de Porto Alegre foi surpreendida na manhã, desta terça-feira, dia 16/04/13, com a notícia que o ator mexicano Carlos Villagrán, popularizado através do personagem Kiko, do seriado “Chaves” será designado como “Embaixador de Porto Alegre para a Copa de 2014”.
Imediatamente, a notícia foi divulgada nas redes sociais e, concomitantemente, multiplicaram-se críticas, piadas, brincadeiras e, até, defesas do ato.
O próprio titular da Secretaria Extraordinária da Copa (SECOPA), se disse surpreso com a notícia, manifestando que não fora consultado, explicitando que se o fosse não teria concordado.
Mais adiante, foi esclarecido que a ideia partiu de consultor, ligado a SECOPA, da filha desse consultor e do produtor do show que o ator fará em Porto Alegre, com o intuito de prestar uma homenagem ao mesmo por seu “amor ao Brasil”. Além disso, disseram que Villagrán/Kiko havia torcido pela seleção brasileira, na Copa do México, em 1970, e demonstrado seu “amor” pelo futebol brasileiro, dando o nome de Edson, a um de seus filhos em homenagem a Pelé (Edson Arantes do Nascimento).
Posteriormente, o próprio prefeito, em seu blog, publicou nota defendendo a homenagem e a concessão do título honorífico. Sua argumentação está baseada nos seguintes pontos:
1.      O seriado Chaves é um dos mais assistidos na América Latina,
2.      Villagrán, que interpreta o personagem “Kiko”, é um amante do futebol, adora o futebol brasileiro, torceu pela seleção canarinho na Copa do México e, como prova deste amor, deu o nome ao seu segundo filho de Édson, em homenagem ao Pelé, pois o nascimento foi em meio à Copa de 70,
3.      O ator protagonizou o filme de maior bilheteria do cinema mexicano, “El Chanfle”, no qual interpretava um centroavante que jogava no América do México, chamado Valentino. E o personagem “Kiko” era um aficionado pelo futebol.
Como tem sido hábito, o prefeito atacou os contrários à homenagem. Neste caso, alcunhou os discordantes, de “caranguejos” e “preconceituosos”, lembrando os “micuins” de um ex-governador do RS.
Infelizmente, o alcaide porto-alegrense, esqueceu-se de trazer os argumentos que justifiquem a distinção de acordo com o propósito a que a mesma foi criada, conforme publicado, no site da SECOPA:
“Embaixador da Copa - Personalidades representativas que de alguma maneira contribuíram para a evolução, desenvolvimento, divulgação e visibilidade do futebol brasileiro em nível mundial.”.
Como vemos nenhum dos argumentos apresentados, pelo prefeito, atendem a definição acima. Aliás, destaquemos algumas das personalidades que já receberam a distinção: Carlos Simon (ex-árbitro), Lúcio (ex-zagueiro da Seleção), Taffarel (ex-goleiro da Seleção, Campeão do Mundo), Alcindo (ex-jogador da seleção e do Grêmio), Mano Menezes (ex-treinador da Seleção e Grêmio). Percebe-se, sem questionamentos, que quaisquer desses agraciados se enquadram no objetivo e na definição do título concedido.
As qualidades do ator, o fato de ser conhecido em toda América Latina e seu amor pelo Brasil não estão em questão. Entretanto, nenhum desses méritos justificam o título de Embaixador da Copa.
Sem querer querendo, o prefeito desvirtuou o objetivo da menção honorífica criada por ele mesmo. Ou, parafraseando Chaves, personagem do seriado em tela, “não contava com a astúcia da população de Porto Alegre”.
*Secretário Geral do Partido dos Trabalhadores de Porto Alegre.